quarta-feira, dezembro 22, 2010
Nações Unidas aprovam voto para eliminação da pena de morte
Este pedido surge no seguimento da Assembleia Geral das Nações Unidas que aprovou hoje uma resolução relativa à moratória ao uso da pena de morte. Foi adoptada por 109 votos a favor, 41 contra e 35 abstenções.
Registaram-se mais votos a favor e menos contra do que na anterior votação de 2008, o que confirma a tendência mundial para a eliminação da pena de morte.
“Hoje a Assembleia Geral das Nações Unidas enviou uma mensagem clara de que a morte premeditada por parte de um estado deve acabar” afirmou José Luis Díaz, representante da Amnistia Internacional nas Nações Unidas em Nova Iorque.
domingo, dezembro 19, 2010
Costa do Marfim: forças de segurança matam pelo menos nove manifestantes desarmados
Os manifestantes aderiram aos protestos de rua em massa incitados pelo Presidente internacionalmente reconhecido, Alassane Ouattara, após as eleições terem sido contestadas. Os manifestantes marchavam desde vários pontos da capital Abidjan, numa tentativa de se apoderarem da emissora pública Radio Télévision Ivorienne (RTI), quando as forças de segurança abriram fogo à queima-roupa.
“A Amnistia Internacional está chocada com este uso da força completamente injustificado e desproporcional e apela às forças de segurança da Costa do Marfim para que ponham fim a estes assassinatos imediatamente”, afirmou Salvatore Saguès, investigador da Amnistia Internacional para a África Ocidental. “Aqueles que abriram fogo contra estas pessoas, bem como aqueles que deram a ordem para tal, terão de ser responsabilizados pelos seus actos”.
quarta-feira, dezembro 15, 2010
sábado, dezembro 11, 2010
sexta-feira, dezembro 10, 2010
O Discurso de Saramago no Palácio Real de Estocolmo a 10 de Dezembro de 1998
Neste meio século não parece que os governos tenham feito pelos direitos humanos tudo aquilo a que moralmente estavam obrigados. As injustiças multiplicam-se, as desigualdades agravam-se, a ignorância cresce, a miséria alastra. A mesma esquizofrénica humanidade capaz de enviar instrumentos a um planeta para estudar a composição das suas rochas, assiste indiferente à morte de milhões de pessoas pela fome. Chega-se mais facilmente a Marte do que ao nosso próprio semelhante.
Alguém não anda a cumprir o seu dever. Não andam a cumpri-lo os governos, porque não sabem, porque não podem, ou porque não querem. Ou porque não lho permitem aquelas que efectivamente governam o mundo, as empresas multinacionais e pluricontinentais cujo poder, absolutamente não democrático, reduziu a quase nada o que ainda restava do ideal da democracia. Mas também não estão a cumprir o seu dever os cidadãos que somos. Pensamos que nenhuns direitos humanos poderão subsistir sem a simetria dos deveres que lhes correspondem e que não é de esperar que os governos façam nos próximos 50 anos o que não fizeram nestes que comemoramos. Tomemos então, nós, cidadãos comuns, a palavra. Com a mesma veemência com que reivindicamos direitos, reivindiquemos também o dever dos nossos deveres. Talvez o mundo possa tornar-se um pouco melhor.
Não esqueci os agradecimentos. Em Frankfurt, no dia 8 de Outubro, as primeiras palavras que pronunciei foram para agradecer à Academia Sueca a atribuição do Prémio Nobel da Literatura. Agradeci igualmente aos meus editores, aos meus tradutores e aos meus leitores. A todos torno a agradecer. E agora também aos escritores portugueses e de língua portuguesa, aos do passado e aos de hoje: é por eles que as nossas literaturas existem, eu sou apenas mais um que a eles se veio juntar. Disse naquele dia que não nasci para isto, mas isto foi-me dado. Bem hajam portanto."
José Saramago
Estocolmo, 10 de Dezembro, 1998