quarta-feira, dezembro 22, 2010

Em nome da Amnistia Internacional Portugal, o Grupo Local de Aveiro (33) da AI deseja-lhe boas festas!

Nações Unidas aprovam voto para eliminação da pena de morte

A Amnistia Internacional urge a todos os estados retencionistas que estabeleçam uma moratória imediata às execuções como um primeiro passo para abolir a pena de morte.
Este pedido surge no seguimento da Assembleia Geral das Nações Unidas que aprovou hoje uma resolução relativa à moratória ao uso da pena de morte. Foi adoptada por 109 votos a favor, 41 contra e 35 abstenções.

Registaram-se mais votos a favor e menos contra do que na anterior votação de 2008, o que confirma a tendência mundial para a eliminação da pena de morte.

“Hoje a Assembleia Geral das Nações Unidas enviou uma mensagem clara de que a morte premeditada por parte de um estado deve acabar” afirmou José Luis Díaz, representante da Amnistia Internacional nas Nações Unidas em Nova Iorque.

Veja aqui a noticia completa.

Não perca a rubrica semanal do Grupo de Aveiro da Amnistia Internacional na Rádio Vagos FM!

No dia 17 de Dezembro, estivemos na Escola Bento Carqueja, em Oliveira de Azemeis para mais uma sessão sobre a missão da Amnistia Internacional.


domingo, dezembro 19, 2010

Costa do Marfim: forças de segurança matam pelo menos nove manifestantes desarmados

Testemunhas oculares relataram à Amnistia Internacional que pelos menos nove manifestantes desarmados perderam a vida no 16 de Dezembro, em Abidjan, Costa do Marfim, no decorrer de protestos em massa, face ao impasse político que se seguiu às eleições presidenciais.

Os manifestantes aderiram aos protestos de rua em massa incitados pelo Presidente internacionalmente reconhecido, Alassane Ouattara, após as eleições terem sido contestadas. Os manifestantes marchavam desde vários pontos da capital Abidjan, numa tentativa de se apoderarem da emissora pública Radio Télévision Ivorienne (RTI), quando as forças de segurança abriram fogo à queima-roupa.

“A Amnistia Internacional está chocada com este uso da força completamente injustificado e desproporcional e apela às forças de segurança da Costa do Marfim para que ponham fim a estes assassinatos imediatamente”, afirmou Salvatore Saguès, investigador da Amnistia Internacional para a África Ocidental. “Aqueles que abriram fogo contra estas pessoas, bem como aqueles que deram a ordem para tal, terão de ser responsabilizados pelos seus actos”.

No dia 15 de Dezembro, estivemos na Escola Secundária de Albergaria-a-Velha.


sexta-feira, dezembro 10, 2010

O Discurso de Saramago no Palácio Real de Estocolmo a 10 de Dezembro de 1998

A propósito do dia de hoje. Não conhecia este discurso, cruzei-me com ele por acaso e achei que merecia um post.
"Cumpriram-se hoje exactamente 50 anos sobre a assinatura da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Não têm faltado comemorações à efeméride. Sabendo-se, porém, como a atenção se cansa quando as circunstâncias lhe pedem que se ocupe de assuntos sérios, não é arriscado prever que o interesse público por esta questão comece a diminuir já a partir de amanhã. Nada tenho contra esses actos comemorativos, eu próprio contribuí para eles, modestamente, com algumas palavras. E uma vez que a data o pede e a ocasião não o desaconselha, permita-se-me que diga aqui umas quantas mais.
Neste meio século não parece que os governos tenham feito pelos direitos humanos tudo aquilo a que moralmente estavam obrigados. As injustiças multiplicam-se, as desigualdades agravam-se, a ignorância cresce, a miséria alastra. A mesma esquizofrénica humanidade capaz de enviar instrumentos a um planeta para estudar a composição das suas rochas, assiste indiferente à morte de milhões de pessoas pela fome. Chega-se mais facilmente a Marte do que ao nosso próprio semelhante.
Alguém não anda a cumprir o seu dever. Não andam a cumpri-lo os governos, porque não sabem, porque não podem, ou porque não querem. Ou porque não lho permitem aquelas que efectivamente governam o mundo, as empresas multinacionais e pluricontinentais cujo poder, absolutamente não democrático, reduziu a quase nada o que ainda restava do ideal da democracia. Mas também não estão a cumprir o seu dever os cidadãos que somos. Pensamos que nenhuns direitos humanos poderão subsistir sem a simetria dos deveres que lhes correspondem e que não é de esperar que os governos façam nos próximos 50 anos o que não fizeram nestes que comemoramos. Tomemos então, nós, cidadãos comuns, a palavra. Com a mesma veemência com que reivindicamos direitos, reivindiquemos também o dever dos nossos deveres. Talvez o mundo possa tornar-se um pouco melhor.
Não esqueci os agradecimentos. Em Frankfurt, no dia 8 de Outubro, as primeiras palavras que pronunciei foram para agradecer à Academia Sueca a atribuição do Prémio Nobel da Literatura. Agradeci igualmente aos meus editores, aos meus tradutores e aos meus leitores. A todos torno a agradecer. E agora também aos escritores portugueses e de língua portuguesa, aos do passado e aos de hoje: é por eles que as nossas literaturas existem, eu sou apenas mais um que a eles se veio juntar. Disse naquele dia que não nasci para isto, mas isto foi-me dado. Bem hajam portanto."

José Saramago

Estocolmo, 10 de Dezembro, 1998