Morgan Tsvangirai toma hoje posse como primeiro-ministro
Zimbabwianos aguardam novo Governo de unidade nacional
Finanças ficam nas mãos do número dois do partido da oposição
O Zimbabwe tem uma taxa de inflação anual na ordem dos 231 milhões por cento (!) e uma taxa de desemprego que atinge a quase totalidade da população do país. É com esta situação catastrófica que o novo ministro das Finanças zimbabweano, Tendai Biti, vai ter que lidar quando o Governo de unidade nacional entrar em funções - ao que tudo indica na sexta-feira.
A nomeação do secretário-geral do Movimento para a Mudança Democrática, MDC, foi ontem anunciada pela oposição, a qual contará com uma quinzena de ministros no Governo de unidade. Os restantes sairão do partido do Presidente Robert Mugabe, a União Nacional Africana do Zimbabwe - Frente Patriótica (Zanu-PF). "Esta equipa tem por tarefa começar a reconstruir o nosso país neste período de transição", declarou ontem o líder do MDC.
Morgan Tsvangirai vai hoje tomar posse como primeiro-ministro, um cargo criado no quadro dos acordos de partilha de poder assinados, a 15 de Setembro, entre a oposição e a ZANU-PF.
Mugabe mantém-se como Presidente depois de ter vencido a segunda volta das eleições de Junho, às quais se apresentou sozinho. Tsvangirai desistiu das presidenciais, acusando do rival de fraude, pois, para o MDC, foi o seu líder que venceu e logo à primeira volta.
A vitória de Mugabe, que quase ninguém quis reconhecer, foi antecedida de uma campanha de violência contra os opositores - que se repetiu desde a assinatura do acordo de partilha de poder.
Nem os activistas de direitos humanos escaparam e, por isso, a Amnistia Internacional pediu agora ao Governo de unidade que ordene a libertação imediata de todos os presos políticos. "Apelamos ao presidente Robert Mugabe e ao primeiro-ministro Morgan Tsvangirai para que tomem medidas concretas para demonstrar o compromisso do seu Governo com o respeito pelos direitos humanos" , disse a AI, num comunicado citado pela AFP.
Além de apresentar uma economia completamente em ruínas, de depender da ajuda da ONU para a alimentação da população e de viver num clima de intimidação, o Zimbabwe enfrenta ainda uma grave epidemia de cólera, que já fez mais de três mil mortos. A área da Saúde também vai ser atribuída a um ministro do MDC. No Interior, a pasta mais controversa, em todas as negociações, vai haver uma partilha de poderes entre o MDC e a ZANU-PF.
(Diário de Notícias)
Para conhecer os 5 apelos da Amnistia Internacional ao novo governo do Zimbabwe, clica aqui